Macroeconomia Atual: Desvendando os Próximos Movimentos

Macroeconomia Atual: Desvendando os Próximos Movimentos

O mundo vive um momento de transição após anos de choques sucessivos. À medida que entraremos em 2025, entender os próximos passos da economia global e brasileira torna-se fundamental para investidores, gestores e cidadãos.

Este artigo apresenta um panorama abrangente das tendências, cenários de risco e implicações para setores e políticas públicas.

Painel Global

Em 2025, observamos uma desaceleração do crescimento global em relação a 2024. Nos EUA, o ritmo diminui após um longo ciclo de aperto monetário. A China enfrenta desaceleração estrutural no setor imobiliário, combinada a desafios demográficos e produtivos. Na Europa, inflação de serviços e potencial de expansão limitado continuam a frear a recuperação.

Fontes multilaterais projetam crescimento global em torno de 2,5%–3% ao ano, reforçando a ideia de um ritmo mais moderado em todas as regiões.

A inflação de bens recuou após a pandemia, mas nos EUA e na Europa a inflação de serviços segue pressionada, sustentando juros elevados por mais tempo. Debate-se quando o Fed e o BCE poderão iniciar cortes e até que ponto o risco de “higher for longer” se confirma diante de choques fiscais e geopolíticos persistentes.

Juros globais elevados fortalecem o dólar e pressionam moedas emergentes, importando inflação em alimentos, combustíveis e bens industriais.

Geopolítica, Comércio e Commodities

O ambiente geopolítico e comercial continua tenso, com tarifas elevadas e políticas protecionistas nos EUA, além de iniciativas de “friendshoring” e “nearshoring”. Esse movimento contribui para:

  • Fragmentação de cadeias produtivas globais, elevando custos de logística;
  • Crescimento do comércio global abaixo do PIB mundial;
  • Volatilidade em petróleo e gás causada por choques geopolíticos;
  • Pressões de baixa em commodities metálicas e agrícolas, devido à menor demanda na China e na Europa.

Para o Brasil, termos de troca menos favoráveis e câmbio depreciado elevam a inflação doméstica e desafiam as políticas de estabilização.

Painel Brasil 2024–2026

Após um ciclo robusto entre 2022 e 2024 – marcado por crescimento em torno de 3% ao ano, desemprego em mínimas de uma década e desinflação relevante – espera-se uma fase de crescimento mais modesto em 2025 e 2026, impactada por política monetária mais apertada e incerteza fiscal.

As projeções do mercado variam: crescimento do PIB entre 1,9% e 2,5%, inflação próxima a 5% e Selic acima de 14% em 2025, mantendo o cenário de juros mais altos por mais tempo.

Inflação e Metas

O regime de metas de inflação estabelece uma meta central, intervalo compatível e teto máximo. Com projeções em torno de 4,7%–5,6% para 2025, acima do teto de 4,5%, mantém-se a necessidade de Selic elevada para ancorar expectativas.

Fatores de pressão incluem câmbio depreciado, preços de alimentos e carnes, e clima de desconfiança fiscal desancora expectativas, reforçando o aperto monetário.

Juros e Condições Financeiras

Especialistas projetam Selic em 14,75% ao longo de 2025, caindo apenas no fim do ano, para cerca de 13% em 2026. A combinação de dólar forte e inflação persistente interrompe os cortes de juros, criando desafio para famílias e empresas.

Com 77% da população endividada no cheque especial e cartão, o custo do capital elevado restringe consumo e retarda a retomada de investimentos privados.

Câmbio

O real sofreu forte desvalorização em 2024, superando outras moedas emergentes. A percepção de ajuste fiscal gradual e incertezas internas ampliaram o movimento. Para 2025, projeta-se suavização, com dólar próximo de R$ 6,05–6,10 no fim do primeiro trimestre.

Riscos e Cenários

  • Cenário otimista: recuperação global mais forte, inflação recua rápido e cortes de juros antecipados, impulsionando crédito e investimentos domésticos.
  • Cenário base: crescimento moderado, inflação resiste no limite, juros altos por mais tempo e câmbio estabilizado em patamares elevados.
  • Cenário pessimista: choques geopolíticos ampliam tarifas e desabastecimento, inflação volta a subir, deterioração fiscal e fuga de capitais.

Implicações para Setores, Investimentos e Política Econômica

O ambiente de juros e câmbio elevados afeta decisões de todos os agentes econômicos. Segue um resumo das principais consequências:

  • Setor agrícola: vantagem comparativa reforçada, mas vulnerável a variações cambiais e custos de insumos.
  • Indústria e construção: custo do crédito alto restringe novos projetos e infraestrutura.
  • Mercado financeiro: busca por ativos indexados à inflação e títulos de crédito público, reduzindo apetite ao risco.
  • Política econômica: necessidade de ajuste fiscal e reformas para recuperar confiança e viabilizar política monetária menos restritiva.

Em suma, navegar no horizonte 2025–2026 exigirá atenção a indicadores, flexibilidade para diferentes cenários e alinhamento entre políticas fiscais e monetárias para assegurar uma trajetória sustentável de crescimento.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

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